Mirian Sobreira
afirma que as cooperativas não cumprem os direitos dos profissionais de
enfermagem
A
situação de trabalhos dos profissionais de enfermagem foi o tema levantado pela
deputada Mirian Sobreira (PSB), em seu pronunciamento, ontem, na Assembleia
Legislativa. Segundo disse, é urgente a realização de concurso público para a
categoria, além de ter reclamado da situação em que se encontram os enfermeiros
"reféns" de cooperativas que brigam pela exclusividade de taxas de
administração.
De
acordo com a parlamentar, tais cooperativas não se preocupam com os interesses
de seus cooperados, o que resulta também na queda de qualidade de serviços.
Dentre as cobranças dos técnicos em enfermagem, estão a redução da jornada de
trabalho para 30 horas pelo Congresso Nacional; a fixação do piso salarial da
categoria; realização de concurso público para o preenchimento de cargos
públicos existentes; e o fim da discriminação na ocupação de cargos de direção.
Jornada
Mirian
Sobreira lembrou que a cooperativa que ganhou a licitação para administrar o
setor por até um ano está responsável pela administração de R$ 66 milhões. No
caso da redução da jornada de trabalho, a pessebista salientou que a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) que determina tal mudança está tramitando há
mais de 10 anos no Congresso, e os parlamentares pouca importância têm dado ao
tema.
Para
ela, isso se motiva porque unidades de saúde particulares, assim como
lideranças políticas, acreditam que a medida irá aumentar a despesa das
instituições públicas e reduzir lucros de hospitais privados. Segundo a
pessebista, a PEC foi apresentada em 2000 e, mesmo passando por todas as
comissões necessárias e recebendo parecer favorável dos colegiados, voltou à
discussão no dia 9 de abril. "Hoje só encontramos enfermeiros recebendo
muito abaixo do que deveria. Eu não acho que seja injusto o juiz ganhar o que
tem, eu só acho que temos que receber melhor", afirmou a parlamentar.
Ela
acrescentou que o sistema de terceirização da profissão é "uma escravidão".
"Em nenhum momento essas cooperativas são vistas brigando por melhores
condições financeiras e de trabalho para os profissionais", criticou ela,
ressaltando que não se sente representada pela direção de tais cooperativas.
"Nosso
protesto é porque não aceitamos contratação como está sendo feita. Isso fica de
mensagem. Se não conseguirmos essas mudanças, vamos organizar uma paralisação
nacional. Isso para que os profissionais da enfermagem sejam respeitados",
reclamou.
Salários
Conforme
informou, os baixos salários pagos para os enfermeiros obrigam tais
profissionais a terem até três empregos devido ao ritmo de trabalho que acaba
por provocar erros que, em muitos casos, levam pacientes à morte. "Os
erros vão continuar enquanto os salários aviltantes obrigarem todos a correr de
um lado para outro para ter o mínimo para a sobrevivência", disse a
deputada. Segundo ela, o fato de a categoria ser composta, em sua maioria, por
mulheres contribui para a discriminação quando vão ser preenchidos os cargos de
direção. "Há casos em que a enfermeira que foi aprovada em seleção dá a
vez para o segundo, porque esse é médico".
"A
enfermagem é a arte do cuidar. É a ciência cuja essência é a assistência e o
cuidado do ser humano. Cuida de modo integral, desenvolvendo a promoção, a
proteção, a prevenção, a reabilitação e a recuperação da saúde. Não existe
patrimônio maior que a saúde", ressaltou.
Fonte: Diário do
Nordeste (17/05) / Foto: Maximo Moura
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