terça-feira, 8 de abril de 2014

Regularização fundiária avança após atraso de três anos em cidades do CE

Começam a ser entregues 30 mil documentos de propriedade para agricultores familiares

Produtores rurais que não possuem título de propriedade da terra no Ceará aguardam com expectativa o recebimento do documento. Depois de um período de atraso superior a três anos, o programa finalmente avança no Estado. Em 109 municípios, agricultores começaram a receber a documentação de propriedade da terra. Mais de 30 mil títulos estão com processo concluído e devem ser entregues pelo governo do Estado e por Prefeituras, após termo de convênio de cooperação técnica.
A regularização fundiária de áreas rurais faz parte de um programa realizado pelo Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) em convênio com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Até o momento, 50 mil famílias de agricultores já foram beneficiados, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará (SDA).
O Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace) estima que 70% dos agricultores do estado não têm a documentação da terra. Até agora, 109 municípios já tiveram o levantamento fundiário concluído e a maioria dos produtores rurais desses locais já recebeu o título de propriedade. Agora, o trabalho começa em outros 41 municípios.
Financiamento
O título de terra é importante para que o produtor possa obter crédito bancário, financiamentos e possa implantar projetos produtivos de agroindústria. "O esforço do governo do Estado é para fazer a entrega dos títulos onde o levantamento dos imóveis e o processo foram concluídos pelo Idace", disse o titular da SDA, Nelson Martins, em recente solenidade de assinatura de ordem de serviço de projeto de abastecimento de água em comunidades rurais, realizada nesta cidade, no auditório do escritório regional do Sebrae.
Apesar dos esforços do governo do Estado, há municípios em que o atraso na entrega dos títulos é superior a quatro anos. É o caso de Iguatu, onde cerca de 2.500 agricultores esperam pela documentação.
A deputada Mirian Sobreira tem cobrado, por diversas vezes, do secretário de Desenvolvimento Agrário a entrega dos títulos. "Já apresentamos essa demanda em outras oportunidades e agora reiteramos o nosso pedido e esperamos a sensibilização das autoridades", frisou.
Nelson Martins assumiu o compromisso de lutar para que o ato de entrega ocorra ainda neste primeiro semestre. O titular da SDA destacou a importância do programa. "É o maior programa de inclusão social e resgate da cidadania de milhares de agricultores", frisou. "Os agricultores com o devido título poderão ter acesso ao crédito rural". O superintendente do Idace, Ricardo Durval Lima, informou que, por ocasião da visita da presidente Dilma Rousseff, à cidade de Sobral, em 19 de março passado, houve a entrega simbólica de 30 mil títulos de propriedade da terra para 22 municípios.
"Os de Iguatu estão nesse conjunto", frisou. "Acredito que o governador vai marcar duas ou três solenidades para a entrega dos títulos, mas a data vai se adequar à agenda governamental", afirmou ele.
Ricardo Lima disse que um novo trabalho de levantamento das propriedades rurais começou em 41 municípios que integram quatro territórios rurais no Maciço do Baturité, na região da Ibiapaba, no Litoral do extremo Oeste (Acaraú) e Metropolitana da Capital, e em mais uma dúzia o programa será iniciado. "Estamos iniciando um processo de edital para mais 12 municípios no Baixo Jaguaribe e esperamos começar até o fim do próximo mês de maio".
Na localidade de Riacho Vermelho, na zona rural de Iguatu, o produtor rural, Antonio Edilê de Almeida, aguarda há quatro anos a entrega do título de propriedade. "Os técnicos passaram por aqui, mediram o terreno e disseram que em 2011 todos iriam receber o título de propriedade, mas até agora nada aconteceu", lamentou. "Tenho vontade de fazer um empréstimo do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), mas não consigo porque o banco exige a escritura ou um avalista, e eu não tenho".


Fonte: Diário do Nordeste (08/04)

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